Alguns dos itens necessários para compor o jovem de hoje:
Patins — Item básico do equipamento do broto. De diversos tipos, variam de 3.000 a 20.000 cruzeiros. O mais transado é o Torlay (15.000 cruzeiros). Joelheiras e cotoveleiras (730) e munhequeiras (360) são indispensáveis. No Rio, patina-se no Canecão e no Roxy Roller, da Lagoa. São Paulo tem mais de dez pistas — surgidas apenas este ano —, cujo ingresso varia de 50 a 300 cruzeiros. As mais quentes são o Rink e o Roxy Roller.
Alimentação Natural — À parte sanduíches vegetarianos, o grande must são os sucos. De combinações as mais esdrúxulas — mamão com maçã, laranja com morango —, custam 40 cruzeiros. Pão caseiro e chás que curam tudo, de enxaqueca a gordura, são também muito consumidos.
Cabelos — Nas meninas, trancinhas e rabos-de-cavalo, presos por conchas do mar e outros berloques. Cara limpa, sem pinturas: no máximo, um lápis. Para os meninos, a nuca batida não pegou: o corte é convencional, estilo “Papai Mandou”.
Roupas — Ao contrário da geração anterior, a dos brotos de hoje se veste rigorosamente bem. Para meninas, as minissaias têm cores pastéis (azul-claro, verde-água), e os preços variam de 640 a 2.000 cruzeiros. Além disso, bermudões, sapatinhos de pano, chapeuzinhos, perfumes e cosméticos naturais, à base de ervas. Para garotos, camisetas com muita cor e inscrições em inglês (800). Para ambos, a calça baggy já caiu de moda: o quente é a nem muito larga nem muito justa, com a boca saindo reta. O sapato é o Top Sider (1.780 cruzeiros).
Música, dança — O aparelho de som é a “menina dos olhos”: todos procuram ter o seu. Sem ídolos em especial, os jovens gostam de escutar “um som” e assistem aos shows dançando o tempo todo. Com o fim das discotecas, a maioria fica só nas pistas de patins. No Rio, após o Canecão, estica-se no Pizza Palace, em Ipanema, ou no Caribe, em São Conrado.
Gírias — Algumas gírias que já se consagram entre os jovens:
Brotinho — Soa década de 50, mas é como estão sendo chamadas as da segunda geração de “cocotas”.
Dar valor — Preferir. “O baixo Leblon já era, dou valor ao Pizza Palace.”
Dragão, Jaburu — Menina feia.
Nas internas — Entre o grupo, “Isso a gente discute nas internas.”
Roupa — Cocaína. “Tem roupa aí?”
Salcero — Confusão. “Arrepiou o maior salcero no social do brotinho.” Ou, teve briga na festa da “gatinha”.
Social — Equivalente festivo do visual. Um campeonato de windsurf é um tremendo visual. A festa de comemoração, depois, é um social.
Rapeizes, Tchiurma — O grupo. Quem frequenta os mesmos sociais é da tchiurma. São os rapeizes, que incluem os dois sexos.
Matéria veiculada em 5 de novembro de 1980.
Fonte: VEJA SP