Um malandro nas mãos da policia
‒ Prompto! Quem fala?
‒ Emporio da rua Duque de Caxias.
‒ Aqui é da rua Visconde do Rio Branco. Mande uma lata de conservas e troco para 200$000.
‒ Alô! De onde falou?
‒ Emporio. Rua Visconde do Rio Branco.
‒ Mande na rua General Osorio uma garrafa de moscato e troco para 50$000…
A Padaria Ayrosa, no largo Paysandú, uma confeitaria da rua Aurora e um estabelecimento da rua Conselheiro Nébias receberam pedidos identicos. Todos attenderam para verificar logo depois que haviam sido victimas de um malandro que lhes ficára com a mercadoria e com o troco… Os prejuizos orçavam em rs… 50$000.
Foi dada queixa á delegadia de Furtos e os inspectores Bentes e Valente sahiram em procura do pirata.
Antonio Silveira, empregado á rua Direita, 7-A, é um camarada que gosta immensamente de se divertir em prejuizo da bolsa alheia. Conhecendo bem os recursos dos malandros, elle se decidiu a ensaiar o “conto do telephone”. Queria experimentar até que ponto chegava a ingenuidade dos commerciantes. O facto é que o Silveira, dessa forma, logrando na primeira investida, gostou e continuou a pedir mercadorias e troco pelo telephone.
Afinal cahiu nas mãos da policia e foi interrogado pelo dr. Brasiliense Carneiro, delegado interino de Furtos, sendo em seguida recolhido ao xadrez.
A Gazeta, São Paulo, 29 de dezembro de 1933.
Fonte: Hemeroteca Digital Brasileira
¹O texto original foi transcrito em sua integralidade, mantendo-se a grafia da época, assim como quaisquer erros tipográficos.