Usaram os ladrões automoveis furtados ‒ Lutou meia hora com os meliantes
São Paulo continua à mercê de ladrões assaltantes, os quais agem de preferência pela madrugada. Diariamente registramos casos de assaltos e agressão e ultimamente, os meliantes, para melhor êxito obterem, têm feito uso de automóveis furtados.
Ainda na madrugada de hoje, dois assaltos foram registrados no plantão da Central, assaltos êsses praticados por individuos que viajavam em automoveis.
O primeiro ocorreu à alameda Franca, em frente ao prédio número 1.203. Nesse local, o químico Luiz Sampaio, de 33 anos, solteiro, domiciliado à rua Haddock Lobo, 964, foi agarrado e surrado por quatro individuos que haviam descido do automovel de chapa número 71.95. Surpreendido com a presença dos ladrões, Luiz Sampaio nada pôde fazer, ficando gravemente ferido.
Sem possibilidade de reagir, o químico não pôde evitar que quatro pretos roubassem de seus bolsos o dinheiro que levava, bem como seus documentos e papéis vários.
Mesmo sofrendo fratura do parietal direito e fratura do braço do mesmo lado, além de outras contusões no corpo, Luiz Sampaio não perdeu os sentidos e teve oportunidade de anotar o número da chapa do automovel que estava sendo usado pelos meliantes. Soube-se, posteriormente, que o veículo havia sido furtado e que os autores do delito já o haviam usado para a pratica de três outros assaltos.
SEGUNDO ASSALTO
O segundo assalto de que teve conhecimento a autoridade de serviço na Central teve como local a esquina das ruas Cachoeira e Almirante Barroso. Por ali passava o vendedor ambulante Alino de Almeira, de 43 anos, casado, residente no predio numero 983 , da primeira via citada, quando teve seus passos interceptados por três pessoas, que desceram de um carro.
Sem dizer palavras, os citados individuos avançaram contra Alino, tentando dominá-lo aos primeiros golpes. Entretanto, conseguiu a vitima manter luta com os assaltantes, isso durante quase meia hora, o que possibilitou a Alino ser socorrido por amigos e parentes. É que êle, durante a luta que travou com os pretos, gritou desesperadamente, e sendo sua residencia proxima àquela esquina, parentes sairam à rua e evitaram que o assalto se consumasse.
Ficou o ambulante bastante ferido e foi, depois, conduzido ao plantão da Central, onde prestou esclarecimentos no inquerito. Apresentou êle ao delegado Odorico de Morais uma anotação feita por uma das pessoas que haviam atendido aos seus gritos de socorro e que conseguira obter o numero da chapa do automovel que era usado pelos ladrões. Trata-se do automovel particular 33.933, que naturalmente deve ter sido roubado de seu dono durante a noite de ontem para hoje.
Diário da Noite, São Paulo, 2 de setembro de 1949.
Fonte: Hemeroteca Digital Brasileira
*A grafia original do texto foi mantida.