Vai desaparecendo umas das últimas profissões medievais (1950)

-“Abaixo a máquina”, resmunga o sapateiro
– Quase já não se vêem “remendões” na cidade – Preferem-se agora os consertos-relâmpago

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Nenhum sensacionalismo na notícia, apenas uma nota de melancolia: estão desaparecendo os sapateiros. Nenhum projeto-de-lei que proibisse os artesãos de trabalhar, nenhuma medida de caráter policial ou estático. Apenas o progresso e a substituição do artesão pelo assalariado da indústria.

DESAPARECEM OS SAPATEIROS

É com êsse tom desinteressado das primeiras palavras desta nota que um intelectual examina o desaparecimento dos sapateiros da capital paulista. E continua agora em tom mais afirmativo: evidentemente não é compatível com o sistema social e a evolução da máquina o artesão. Nos ramos em que o homem não é nem patrão nem empregado, pois êle próprio produz, raros são os casos em que se preservarão. Os médicos constituem um exemplo, assim mesmo, possivelmente, no futuro, terão sua profissão socializada. Das profissões medievais a de sapateiro é uma das que mais subsistiu e só agora vai desaparecendo de vez.

O QUE FAZEM OS SAPATEIROS

Do artesanato praticamente proibido pelas dificuldades de locais de trabalho e pela concorrência do serviço mecanizado que é realizado em preços mais acessíveis, o sapateiros passou a ser telefonista, ascensorista, porteiro de fábricas, ou se ocupa em qualquer outro trabalho mecânico que nada tem a ver com seu ofício. Evidentemente em muitos casos trabalha em fábricas de calçados ou em casas chamadas “Relâmpago” de conserto de sapatos.

“RELAMPAGO”

Em São Paulo quando se introduziu o bonde elétrico foi preciso até oferecer prêmios para que os transeuntes se interessassem pelo novo sistema de transporte. Quando se pretendeu tomar do sapateiro o trabalho de consertar sapatos foi preciso também uma idéia e um meio para consegui-lo. “Relampago” foi a idéia. Consertar os sapatos em poucos minutos, na presença do freguês à espera foi o meio. Outro atrativo também foi introduzido: preços mais baratos. Dessa forma foram as casas mecanizadas destruindo a possibilidade dos artesãos suportarem a concorrência. Hoje, em todo o centro da cidade, raramente são encontrados.

“MALDITA MÁQUINA”

Quando o reporter se põe à procura de um sapateiro para, em tôrno de sua vida, redigir uma nota não tem em mente o significado do ofício, sua utilidade, seus preços. Não. Procura apenas a figura bizarra do sapateiro, em geral um velho imigrado de distantes países. O corredor sombrio e incômodo onde êle trabalha, os fregueses que aparecem trazendo serviço, ou para reclamar a demora dos consertos, os “habitués” que aparecem para nada, são os aspectos que mais nos interessam. Mas se o dia é de sol nossa sorte não é das melhores, e o primeiro que encontramos, num bairro, nos recebe de mau humor:
– MALEDETO JORNALISTE!

E não nos foi possivel conversar com o homem. Já em outro ponto da cidade a recepção foi diferente. É um cidadão de cerca de trinta anos o sapateiro que encontramos. Magro e pálido.

Conversámos com o homem. Seu ódio impotente contra A MÁQUINA era de comover. O sapateiro abriu a boca contra a costuradeira, contra a polideira, contra tôdas as máquinas que afetam seu ofício. Explicou ao reporter que “elas fazem depressa, não há dúvida, mas o serviço não se aproveita, pois dura pouco, deforma o calçado, faz tragédias!”
Enquanto o sapateiro fala, o fotógrafo vai calmamente engrenando sua objetiva para o flash. Mas o homem não concorda com a idéia e não quer ser fotografado. Perguntamos a razão da atitude contra a fotografia. Não explicou bem, mas deu para entender que êle quer paz e a foto no jornal lhe parece um meio de criar caso com a polícia. Partimos sem maiores resultados.

OUTRO SAPATEIRO

Finalmente encontramos um sapateiro como desejavamos. É um dêsses tipos que sugerem fim de uma civilização e lembram os nosso dias líricos de infância no interior do Estado. Com êle esquecemo-nos de quanto é aborrecido e monótono ser reporter e conversamos longamente. O homem fala mal do govêrno, não o do Estado ou da República, do govêrno simplesmente. Fala mal dos funcionários públicos, dos tintureiros, dos bondes, da cidade paulista, fala mal de tudo.
Termina por nos convidar para almoçar. Mas já é tarde e preferimos deixar a reportagem para outra ocasião.

Diário da Noite, São Paulo, 14 de agosto de 1950

Fonte: Hemeroteca Digital Brasileira
*A grafia original do texto foi preservada.

Legenda da imagem 1: Não há muito tempo, eram comuns os homens atrás da pequena mesa fazendo ou remendando sapatos. Hoje, os poucos que há, estão espalhados nos arrabaldes.

Legenda da imagem 2: Em lugar dos humildes artesãos as máquinas e grupos de assalariados realizam em minutos os trabalhos que antes demandavam horas. Para o trabalhador em geral nenhum benefício houve, pois hoje é mais difícil do que antigamente ter dinheiro para o conserto do sapato.

Necessaria uma firme campanha para se evitar o aniquilamento de nossas matas

São Paulo não tem 6% de sua area cobertos de florestas primitivas

Os objetivos da Sociedade amigos da Flora e Fauna Brasileiras ‒ Declarações do sr. Agenor Couto Magalhães ao JORNAL DE NOTICIAS

A reportagem do JORNAL DE NOTICIAS teve a oportunidade de se avistar ainda uma vez com o sr. Agenor Couto de Magalhães, presidente da Sociedade Geografica Brasileira, vice-presidente da novel Sociedade Amigos da Flora e da Fauna e notavel estudioso dos problemas de que se ocupam essas entidades, tendo mesmo escrito varias obras interessantes e de valor indispensavel, como sejam “Monografia Brasileira de Peixes Fluviais”, “Ensaio sobre a fauna brasileira”, com apresentação do naturalista Hans Krieg, diretor do Museu de Zoologia de Munich, Alemanha, “Encantos do Oeste” e uma tradução da obra de Jean Rosian, intitulada “Vida Sexual dos Animais”.

Falando sobre os objetivos primeiros da Sociedade Amigos da Flora e da Fauna Brasileiras, que ora se funda, declarou o sr. Couto de Magalhães que visa incentivar nos estabelecimentos de ensino, por meio de circulares, da imprensa e do radio, o amor dos brasileiros e de todos aqueles que conosco compartilham a defender o patrimonio nacional, isto é, tudo aquilo que a natureza prodigamente nos deu.
Os problemas a serem atacados, continua, são multiplos e complexos. Para se avaliar a extensão deles, acentua, basta que nos reportemos à devastação desordenada das nossas matas que determinará o desaparecimento da fauna e consequentemente a alteração do clima e a diminuição progressiva dos mananciais de agua.

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DESAPARECEM ASSUSTADORAMENTE AS FLORESTAS

É do conhecimento publico, diz, prosseguindo o nosso entrevistado, que o Estado de São Paulo, tinha em 1930, 26% da sua area total coberta por florestas primitivas e, decorridos 47 anos, menos de meio seculo, São Paulo não chega a ter 6% da sua area territorial com aquele revestimento primitivo. Esse aniquilamento de uma das principais riquezas do Estado, frisa, determina tambem o desaparecimento da fauna fluvial, pois bem certo é que com o desmatamento ciliar dos rios há o empobrecimento da equitiofauna.

‒ “Seria exaustivo ‒ pondera o sr. Agenor Couto de Magalhães ‒ enumerar em um só artigo de jornal todos os problemas cruciais que afligem a nossa imaginação e tambem o nosso entranhado amor pelas coisas do Brasil.”

Fazendo referencias aos tão combatidos despejos toxicos nas aguas dos nossos rios e lagos, disse o presidente da Sociedade Geografica Brasileira, que são tambem deses flagelos que exigem uma pronta correção. O rio Tietê, o Piracicaba, e o Mogi-Guaçu, lembra, estão sendo poluidos por substâncias altamente nocivas à vida dos peixes e se, em futuro proximo, não se cuidar do tratamento desses residuos os peixes finos que demandam essas grandes caudais fluviais desaparecerão por completo, cabendo principalmente, nesse caso, ao governo baixar instruções severas junto as prefeituras para que essas fabricas e usinas antes de terem as suas planta aprovadas apresentem os projetos para o tratamento de seus despejos residuais.

A QUEIMA DOS CAMPOS

‒ “Outro aspecto da questão que precisa ser ventilado ‒  diz-nos ‒  é a queima dos campos e invernadas exatamente no mês em que há a anidrificação e postura das especies campesinas (agosto e setembro), sendo necessario, então, que se façam essas queimadas por um sistema rotativo, isto é, queimar campos em varios setores alternadamente.
Como sabemos, a queima dos campos é necessaria para renovar a pastagem verde imprescindivel à pecuaria.”

PEQUENA A AREA REFLORESTADA

Respondendo a uma pergunta do reporter afirmou o sr. Agenor Couto de Magalhães que é ainda relativamente pequena a nossa area reflorestada comparada com aquilo que se destruiu. O maior reflorestamente, prossegue, é o da Paulista em Rio Claro, Jundiaí e Loreto, reflorestamento esse muito interessante do ponto de vista comercial mas absolutamente condenavel do ponto de vista biologico, pois sabemos que o eucalipto não produz frutos e não abriga a nossa onix, e tambem não permite, como é feita a sua platanção, a vegetação intermediaria. Até agora foram plantados no Estado mais de 3 milhões de pés de eucaliptos.

Recomendou o nosso entrevistado entre as arvores que substituirão com vantagem o eucalipto, na recomposição das matas primitivas as varias especies das caneleiras, o cedro, o jacaré, as acacias e outras mais.

O FUTURO SAARA CABOCLO

Fez menção o sr. Couto de Magalhães às nossas grandes zonas que estão sendo completamente devastadas, como a Sorocabana, e a Noroeste de Bauru, de Juquiá às barrancas do rio Paraná, que está fadada a ser um novo Saara, uma vez que é constituida de terra excessivamente arenosa.

O CODIGO FLORESTAL

Como na Camara Federal, existe um projeto de elaboração do Codigo Florestal, perguntamos ao nosso entrevistado sobre o mesmo e tivemos a seguinte resposta:
‒  “O Codigo Florestal resolveria em parte a devastação das matas. Contudo, permite que se derrube uma parte daquilo que se adquire, numa proporção de 70% e, consequentemente o lavrador ficará sempre com uma parte da sua propriedade enriquecidade com um testemunho florestado daquilo que existia nessas terras.”

POLICIAMENTO

Sobre a fiscalização das infrações praticadas contra o Codigo Florestal, esclareceu-nos o sr. Agenor Couto de Magalhães que aquele Codigo outorga, a todos aqueles que tenham uma parcela de autoridade, a desempenhar as funções de fiscais florestais. Só assim, salienta, será possivel existir uma policia capaz de denunciar os crimes que frequentemente são cometidos contra o nosso patrimonio nacional.

Jornal de Noticias, São Paulo, 22 de janeiro de 1950
Fonte: Hemeroteca Digital Brasileira

Bibi Ferreira

Reportagem de Julio Pires para a revista “O Cruzeiro”:

Como começam as actrizes interessa sempre dizer ao publico que continua a encontrar nas “caixas” de theatro o mesmo mysterio das lojas maçonicas. As antigas lojas, cheias de rituaes ostensivamente complexos. Em verdade, entrevendo apenas o lado de dentro dos palcos quando se demora em sair da sala após os espectaculos, o publico não sabe o que pensar da vida dos bastidores á vista do mundo trevoso que é a scena ás escuras. Dahi a imaginação tenebrosa, ainda hoje por muita gente mantida, em relação ao que se passa para lá do panno de boca.

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Bibi Ferreira. Fonte: O Cruzeiro (1941)

Por isso, no caso de uma iniciação artistica rumorosa, qual a de Bibi Ferreira, convinha ouvir a estreante. Accresce que Bibi Ferreira é alguem cuja primeira apparição no tablado foi feita como “estrella”, isto é, a mais nova e mais jovem artista, começou por onde devem acabar as vidas de actrizes. Mas, vamos immediatamente ás confidencias de Bibi:
– Como pude julgar-me apta a ser “estrella” de theatro?Eu lhes conto. Li, uma vez, numa velha comedia franceza, que meu pae trouxera do theatro para ler em casa, esta phrase – relativa á carreira das actrizes: “Para chegar a ser “estrella” é preciso ter andado nos joelhos dos criticos”.

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Bibi Ferreira. Fonte: O Cruzeiro (1941

Se assim era, pensei commigo mesma, ninguem como eu poderia tão naturalmente vir a ser “estrella”. Eu estive nos joelhos de todos os criticos da imprensa carioca e de quasi todo o jornalismo paulista, pois meu pae, sendo elle mesmo o “enfant gaté” dos chronistas theatraes de ha vinte annos e de hoje, recebia em nossa casa, frequentemente, os redactores das secções de theatro dos matutinos e verspetinos, e muita vez levava-me ao collo para o “Trianon” ou o “Bôa Vista” e outros theatros desta capital e da Paulicéa. Então, os críticos tomavam a filha de procópio nos braços, e logo sentavam a garotinha nos joelhos emquanto conversavam com o velho. Assim, dos braços da ama eu passei aos braços dos mais conspicuos e temidos criticos theatraes, e impressionada com o que se dizia na velha comedia franceza, conclui que estaria preparada para ser primeira figura de uma companhia…

O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 15 de março de 1941.

¹O texto original foi transcrito em sua integralidade, mantendo-se a grafia e ortografia da época, assim como quaisquer erros tipográficos.

Fonte: Hemeroteca Digital Brasileira

 

 

Antônio da Silva Prado

O FUTURO PREFEITO

Ligeira entrevista

IDEIAS GERAES DE ADMINISTRAÇÃO

Devendo ser hoje empossada a camara municipal eleita a 30 de outubro do anno passado para o triennio de 1899 a 1902, e, correndo com certo fundamento, que para o lugar de prefeito deverá ser escolhido o conselheiro Antonio Prado, o Correio paulistano julgou que seria de bom aviso ouvir esse illustre cidadão sobre pontos diversos da administração local que s. exa., parece, vai superintender.

Nessas condições, pedimos a um de nossos melhores amigos que nos fizesse approximar do futuro prefeito afim, de que, em entrevista ligeira, pudessemos conhecer o programma que s. exa. pretende expor á corporação municipal de S. Paulo.
Não foi difficil a tarefa, já porque s. exa. accedeu promptamente aos nossos desejos, já porque não teve duvida em fallar-nos com a maior franqueza, como se verá.
Ás 8 12 da noite de hontem, procuramos o conselheiro Antonio Prado no bello palacete da alameda que tem o seu nome.
Fomos introduzidos em elegante peça onde s. exa. tem o seu escriptorio.
Um quadrilatero, temdo em uma das paredes estante de carvalho com 3 corpos. Ahi se encontravam volumes diversos em pequena bibliotheca.
Ao lado duas estatuetas de bronze sobre pedestaes de madeira preta.
Fronteiramente, secretária com artistica pasta e objectos varios para moveis dessa natureza.
Em outros planos, largo bureau ministre, ainda de carvalho, ladeado por duas columnas sustentando jarrões de porcellana azul.
A um canto divan inglez, tendo inferiormente uma pelle de onça, debruada casimira encarnada.
Custosas e ricas cortinas, pequenas e finas cadeiras, poltronas, etc., completam a ornamentação da confortavel peça.

013 Conselheiro Antonio Prado acervo iconografico usp

O futuro prefeito não se demorou em apparecer-nos, dando-nos pouco tempo para maior inspecção do local onde foramos introduzidos.
Trajava costume leve de casimira escura e recebeu-nos com toda a gentileza.
Feitas as apresentações pelo illustre cavalheiro que nos approximára de s. exa., trocados os devidos cumprimentos, sentamo-nos e conversamos, é o termo, sobre o motivo que alli nos levára.
E essa conversa passada em tom inteiramente amistoso publicamol-a em dialogo, como se deve acontecer ás entrevistas, mesmo de caracter intimo.


– Sei, disse o nosso representante, que não é extranho a v. ex. o motivo da minha visita.
– É exacto. O nosso amigo, que está presente, tinha-me avisado; mas, com pesar o digo, não posso satisfazer o seu pedido, pois não sou o prefeito municipal da capital de S. Paulo.
– Perfeitamente. Mas, sei-o-a em poucas horas e nessas condicções poderia adiantar-me alguma cousa. A reportagem tem indiscrições e, si eu cometter alguma, v. ex. tenha a bondade de ordenar que eu não prosiga.
– Mas, eu não tenho plano algum de administração, não tenho programma, preciso conhecer bem a actual organisação municipal, as leis, regulamentos, etc., para então operar com conhecimento de causa.
– Sim: senhor. Mas permitta-me perguntar a v. exa. Qualquer administrador, que vai hoje começar um serviço não terá ideias assentadas sobre questões economicas e financeiras, assumpto palpitante e de actualidade.
– De certo. E eu devo declarar-lhe. Fui presidente da Camara de S. Paulo ha 20 annos, quando as rendas attingiam a 200:000$; hoje vão a 2.500:000$. Penso que poderão em pouco tempo chegar a 4.000:000$ e para isso basta o seguinte, e que farei: dedicar-me especialmente ao estudo de lançamento e arrecadação dos impostos, base principal da reorganisação a estabelecer-se.
– E quanto a despezas?
– Ah! Terei de cingir-me á lei do orçamento votada. Não poderei certamente occupar-me de grandes melhoramentos, pois as verbas orçamentarias são exiguas. Pretendo, porém, rever o quadro de empregados, cortar despezas inuteis, aproveitar elementos bons e gastar apenas o essencial, fazendo as maiores economias.
– E naturalmente levará isso a cabo, pois v. exa. não tem ligações politicas que lhe offereçam obstaculos…
– De certo. Pretendo mesmo pedir o auxilio de todos os municipios para que se interessem pelos assumptos locaes, nomeando comissões particulares para estudo de materias diversas. Pedirei o concurso de todos, e assim acho facil a minha tarefa.
– Acha facil?
– Acho. O meu programma é administrar bem. Desde que a maior parte dos serviços que deveriam ser municipaes se acham a cargo do Estado, basta, para chegar a resultado satisfactorio, que eu peça ao governo estadual execução das disposições legaes, nunca provocando attritos. O serviço da municipalidade não é para espantar ninguem. Desde que um administrador tenha bôa vontade e bons auxiliares, pode contar que levará a cabo a tarefa, a contento geral. E quando eu vir que se me antolham obstaculos que não possar vencer, voltarei á tranquilidade de minha casa, porque, o sr. deve saber, acceitei, a inclusão do meu nome na chapa de vereadores, desinteressadamente, com um unico fito: servir o meu paiz e o Estado onde nasci.

 


E a essas ultimas palavras do illustre cidadão, levantamo-nos, pois que alguma cousa haviamos obtido sobre o assumpto que nos levára ao palacete Prado.
Despedimo-nos de s. exa. que tão gentilmente nos recebera, renovando os protestos de agradecimento, que ainda uma vez aqui deixamos consignados.

Correio Paulistano, 7 de janeiro de 1899.
Fontes:
Hemeroteca Digital Brasileira
Acervo Iconográfico USP