À sensibilidade modernista de Alcântara Machado repugnavam a arquitetura e os monumentos de São Paulo.
Tome-se a Catedral, cujas obras aliás vinham sendo tocada sem ritmo ainda mais pachorrento do que o de costume. Resolve-se fazê-la. A decisão é correta. “Mas a quem encomendam o projeto? A um alemão. E o alemão já sabe: surge com uma coisa em estilo gótico.”
![sé 25-10-1939 - benedito j duarte tesouros de sp.JPG](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/sc3a9-25-10-1939-benedito-j-duarte-tesouros-de-sp.jpg?w=656)
O Palácio da Justiça que se projetava construir, para em boa hora começar a dispensar as improvisadas instalações até então ocupadas pelo Poder Judiciário, “será mais um exemplar da engraçada arquitetura oficial”.
![palácio da justiça 30-09-1938 - bj duarte tesouros.JPG](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/palc3a1cio-da-justic3a7a-30-09-1938-bj-duarte-tesouros.jpg?w=656)
O Palácio das Indústrias “não tem jeito de nada e sua divisão interna chega a dar raiva”.
![palácio das indústrias 1937 sebastião de assis ferreira tesouros.JPG](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/palc3a1cio-das-indc3bastrias-1937-sebastic3a3o-de-assis-ferreira-tesouros.jpg?w=656)
O recém-inaugurado edifício dos Correios “é ignóbil: foi feito para fábrica e é assimétrico como um bandido lombrosiano”.
![correio geral - COL. THALES RIBEIRO DE MAGALHÃES - CTRM - 05-06-1923 fmp.jpg](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/correio-geral-col.-thales-ribeiro-de-magalhc383es-ctrm-05-06-1923-fmp-1.jpg?w=656)
O Theatro Municipal “não tem equilíbrio”.
![theatro 1920s g prugner postal fmp.jpg](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/theatro-1920s-g-prugner-postal-fmp-1.jpg?w=656)
Quanto aos monumentos que vinham sendo espalhados pela cidade… O de Bilac, no fim da avenida Paulista, é “hediondo”.
![monumento a olavo bilac sd fmp.jpg](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/monumento-a-olavo-bilac-sd-fmp.jpg?w=656)
O de Giuseppe Verdi, no Anhangabaú, é “o horror mais absurdo”.
![praça do correio e mon verdi 22-11-1942 bj duarte tesouros.JPG](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/prac3a7a-do-correio-e-mon-verdi-22-11-1942-bj-duarte-tesouros.jpg?w=656)
O da Independência, no Ipiranga, apresenta, entre outras aberrações, “um Tiradentes ginecomasto”.
![DR. AFFONSO TAUNAY ENTRE AS PESSOAS 1922 fmp.jpg](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/dr.-affonso-taunay-entre-as-pessoas-1922-fmp-2.jpg?w=656)
O de José Bonifácio, o Moço, no largo de São Francisco, fez desse ilustre poeta e professor da Faculdade de Direito “outra vítima da posteridade”.
![MONUMENTO A JOSÉ BONIFÁCIO, O MOÇO NO LARGO SÃO FRANCISCO sd fmp.jpg](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/monumento-a-josc389-bonifc381cio-o-moc387o-no-largo-sc383o-francisco-sd-fmp-1.jpg?w=656)
E o que celebra a fundação da cidade de São Paulo, no largo do Palácio — obra do mesmo italiano Amedeo Zani que fez o monumento a Verdi —, só está lá porque Anchieta, ao fundar a cidade, não previu que haveria um monumento à fundação. Se previsse, “não fundava nada”.
![VISTA PARCIAL DO PÁTIO DO COLÉGIO 1924 theodor preising.jpg](https://volumemorto.wordpress.com/wp-content/uploads/2019/04/vista-parcial-do-pc381tio-do-colc389gio-1924-theodor-preising.jpg?w=656)
O aspecto geral da cidade, ele assim descreveu: “São Paulo é uma batida arquitetônica. Tem todos os estilos possíveis e impossíveis. E todos eles brigando com o ambiente. Quer os edifícios públicos, quer as casas particulares, aberram do solo em que se levantam. A cidade tem assim um arzinho de exposição internacional”.
Fonte: TOLEDO, Roberto Pompeu de. A capital da vertigem: uma história de São Paulo de 1900 a 1954 / Roberto Pompeu de Toledo. ‒ 1. ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
A melhor parte: “(…) só está lá porque Anchieta, ao fundar a cidade, não previu que haveria um monumento à fundação. Se previsse, “não fundava nada”.(…)
Ele é bem exigente, mas se parar pra pensar, os prédios não lembram nada e não parecem ninguém mesmo! Não temos uma identidade, tudo é construído e feito “a moda de” algum país ou estilo importado.
Ótima matéria!
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